Quando a corrida de rua vira refúgio 3m543a

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OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr. z2x22

Data 21/05/2025
Horário 05:00

Em um mundo saturado de estímulos, silêncio virou luxo. Mas não falo aqui do silêncio ao redor, falo do silêncio interior. Aquela rara pausa nos pensamentos que permite respirar sem pressa, sentir sem medo e existir no presente. E o mais curioso? Muitos encontram essa quietude não sentados com os olhos fechados, mas em pleno movimento, o a o, na rua.
A corrida de rua desafia o corpo por longos períodos. Mas é na mente que o verdadeiro jogo acontece. Quem corre sabe: depois de certo tempo, algo muda. Os pensamentos fluem com leveza, a respiração guia o ritmo, o corpo assume o controle e a mente, finalmente, silencia. Esse estado, de foco absoluto no presente, é semelhante ao da meditação.
De forma simples, meditar é treinar a mente para estar consciente, no presente, sem julgamento. O tipo mais estudado é o mindfulness, atenção plena, que envolve observar a respiração, os pensamentos, as sensações corporais, sem tentar mudar nada. A ciência mostra que essa prática reduz o estresse, a ansiedade, melhora o humor e até a memória. E aqui está o ponto: a corrida de rua pode ar o mesmo estado de presença e autorregulação que a meditação promove.
Esse fenômeno não é apenas uma percepção subjetiva. Pesquisas revelam que, durante exercícios aeróbicos prolongados como a corrida, o cérebro libera substâncias como endorfinas e dopamina, mensageiros químicos que promovem bem-estar, reduzem a dor e geram o que muitos chamam de "euforia do corredor" (runner’s high). O fluxo rítmico dos movimentos e da respiração induz um estado quase meditativo, ativando áreas cerebrais ligadas à atenção plena e ao autocontrole emocional.
Além disso, os benefícios cardiometabólicos são enormes: melhora do controle glicêmico, aumento da sensibilidade à insulina, redução da pressão arterial e melhora no perfil lipídico. Corações se fortalecem, vasos se protegem e o risco de doenças crônicas despenca. Ao mesmo tempo, há ganhos profundos na saúde mental, com redução de sintomas depressivos, melhora na qualidade do sono, aumento da autoestima e maior clareza nos pensamentos. A corrida se transforma, então, em uma ferramenta de autorregulação física e emocional, uma espécie de terapia ao ar livre, ível, simples e incrivelmente eficaz.
E não é preciso ser um atleta profissional para experimentar esses efeitos. Mesmo treinos curtos, feitos com regularidade, já trazem benefícios notáveis. É no hábito que se constrói a transformação. E é na constância que o corpo e a mente se alinham. Correr se torna menos sobre performance e mais sobre presença. Menos sobre velocidade e mais sobre significado.
Corrida e meditação, portanto, não são opostos. Enquanto uma busca a quietude na imobilidade, a outra a encontra no movimento. No parque, na trilha, no asfalto, é ali que muitos encontram paz, presença e sentido.
E talvez seja por isso que tantos corredores não consigam mais parar. Porque, mais do que um esporte, encontraram um espaço de reconexão. Um tempo só seu. Onde o corpo se exercita e a mente, enfim, descansa.

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